HANNAH ARENDT, A RACISTA by @veve_dd

HANNAH ARENDT, A RACISTA CONSERVADORA QUE SE PASSA POR PROGRESSISTA: segue o fio ⤵️


1. O ANTICIENTIFICISMO:

Hannah Arendt utiliza diferentes métodos de análises em seus diferentes escritos. Basicamente ela não utiliza um método por acreditar que ele é o melhor, mas sim utiliza o método que vai lhe proporcionar a análise que ela deseja +


Ou seja, ela já tem um resultado pronto q deseja utilizar p/ provar seu ponto, e utiliza a metodologia de análise que for conveniente para chegar naquele resultado. Td mundo sabe que o pesquisador n pode chegar com a análise já pronta e utilizar o método que o for conveniente. +


Mas como eu sei que ela faz isso? Bom, é só olhar os diferentes métodos de análise que ela utiliza para analisar diferentes objetos. Claro, nada impede que um autor utilize um método em determinado momento da sua vida e depois amadureça e mude sua forma de enxergar o mundo. +


O problema é que no mesmo período de tempo ela utiliza diferentes metodologias para diferentes objetos, o que nos faz pensar que ela não está se importando com a pesquisa e seus critérios científicos, mas sim com seus objetivos políticos +


E não tem problema um pensador se colocar a serviço de uma causa e ideologia, o problema é que a Hannah assume um posicionamento de isenta, fazendo parecer que ela não está a serviço da esquerda e nem da direita, mas sim da “democracia” +


Quando ela faz uma análise sobre o nazismo em “Eichmann em Jerusálem”, ela não transforma os nazistas em “monstros”, mas sim compreende que são frutos de uma sociedade e de um processo histórico. +


Ao meu ver é uma análise correta e de certa forma até materialista sobre o fenômeno. Arendt n partiu para o mais fácil que era seguir a opinião popular de que todos os nazistas eram monstros; partiu para uma análise material das condições sociais alemães de formação do nazismo +


Porém, a mesma Arendt que não fez uma análise moral sobre o nazismo nesse livro, faz uma análise totalmente moralizante sobre a URSS, e até mesmo sobre o nazismo em “As Origens do Totalitarismo” +


Hitler, que posteriormente na análise de Eichmann seria um fruto da sua materialidade, aqui, era um monstro totalitário somente igualável a Stalin. Hitler nesse livro não é objeto de análise, mas adjetivo capaz de mostrar que “Stalin é tão ruim quanto” +


Análise material para Stalin? Jamais, as violências produzidas pela URSS para ela não podem ser compreendidas através das circunstâncias materiais, é puro e simplesmente autoritarismo. +


Já, quando ela vai falar sobre o apartheid social dos Estados Unidos, ela não só diz que isso é fruto de um crime (o colonialismo) do qual os EUA não tem culpa e são a vítima, como também diz que a desigualdade é algo natural e a discriminação social é um DIREITO SOCIAL +


Essa afirmação da foto não só legitima o racismo nos Estados Unidos, como também revela o anticientificismo em Arendt. Com base em que ela afirma que sem discriminação a sociedade deixa de existir? Quais são os exemplos? Qual é a fonte? +


Temos três Hannah’s então, a materialista, que compreende o nazismo como um fenômeno social, e n patológico. A moralista, q condena as violências revolucionárias. E a idealista (mas também passadora de pano) que naturaliza as desigualdades para tirar a culpa do racismo dos EUA +


Por fim temos a frase mais anticientífica dela: “O mais radical revolucionário tornar-se-á um conservador no dia seguinte à revolução”. Como ela afirma isso? Ela sabe como todas as revoluções vão terminar sem mesmo conhecê-las, entender as características específicas? +


É impossível você dizer que fim terá uma revolução sem entender o processo completo dela, como então pode generalizar dizendo que todas as revoluções terão o mesmo fim, se elas não possuem a mesma base e processo histórico? Sabe por que ela afirma isso sem base nenhuma? +


Pq o objetivo dela n era fazer ciência, mas defender a democracia burguesa e difamar n só experiências socialistas, mas qualquer processo revolucionário. Arendt criticou mais incisivamente a URSS porque era a bola da vez, mas ela repudiava qualquer revolução, mesmo a francesa. +


2. FINANCIAMENTO DA CIA E ANTICOMUNISMO:

Por mais que muitos acreditem que Arendt seja uma progressista, é fato que esta foi financiada pela CIA para propagar anticomunismo. +


No livro “Quem Pagou a Conta” da historiadora Frances Saunders, a autora aponta que diversos autores com uma roupagem mais “leve” (isto é, que não tivessem logo de cara uma aparência de extrema direita) foram financiados pela CIA para escreverem em defesa dos EUA. +


Alguns sabiam disso de forma direta, como George Orwell e outros, no entanto, eram financiados de forma indireta. Essa forma indireta consistia-se na compra pela CIA de todos os livros do autor para causar uma falsa impressão de popularidade q impulsionava a venda +


Ou tbm na distribuição desses livros em escola, ou convite p/ publicação de artigos em revistas renomadas. Esse me parece ser o caso da Arendt, já que nunca foi confirmado o consentimento da mesma para o financiamento. Mas, seus nomes constam na lista de financiados pela CIA +


Após o fim da Segunda Guerra e a derrota do nazismo, o único inimigo dos EUA era a URSS e o comunismo e o objetivo de financiar os intelectuais era justamente destruir a ideologia que podia colocar em risco a hegemonia capitalista. +


Como a ideologia nazista já havia sido derrotada (e essa também era originada do capitalismo, mas colocava o liberalismo propriamente dito em situação delicada) e Hitler saiu marcado na história como um verdadeiro “monstro”, +


Utilizar Hitler como um adjetivo negativo parecia uma ótima ideia p/ um livro q aparentemente se compromete a analisar “as duas faces do totalitarismo”, quando na realidade, tem o objetivo único de destruir a imagem da URSS. Hitler e o nazismo são usados ali como adjetivos +


Além dos ataques a URSS, o anticomunismo também é propagado através da universalização de conceitos como “democracia” e “ditadura”. Ignorando a existência das classes sociais, Arendt, em suas análises estampa a democracia burguesa como a representante universal da democracia +


O problema é q nd é isento de ideologia, até msm a palavra democracia. Numa sociedade dividida em classes, a classe dominante n domina somente o Estado, mas tbm a ideologia, então, num Estado Burguês, o conceito de democracia a ser propagada como o “universal” tbm será burguês +


A luta de classes se dá em todos os campos, inclusive na disputa por conceitos. Portanto, não é incomum que tudo aquilo que fuja dos moldes da democracia burguesa, seja chamado de ditadura, como acontece com todas as experiências socialistas +


Se meu inimigo é dono do dicionário, não é de se estranhar que eu seja utilizada como exemplo na conceituação das palavras negativas. Não existe uma “democracia universal”, mas a ideologia dominante faz a gente pensar que existe uma democracia isenta de ideologia +


O problema da universalização dos conceitos é que eles não são propagados como carregadores de uma ideologia, mas são “naturalizados”, passando a operar como definições absolutas no senso comum. +


A ideologia dominante não vai dizer que os conceitos de democracia, ditadura e revolução que aprendemos carregam um viés ideológico, mas sim vai apresentá-las como universais, como meras palavras, quando na verdade a linguagem também carrega ideologia +


O problema disso é q como estamos acostumados com a linguagem tipicamente burguesa, temos dificuldade de aceitar e compreender a linguagem tipicamente revolucionária, por exemplo. E as noções liberais n chegam até nós com rótulos, mas sim como uma verdade universal e absoluta. +


Então quando se vê países como Cuba sendo chamados por nós marxistas de democracia, o que acontece é um estranhamento, porque Cuba de fato não segue os preceitos de uma democracia burguesa, mas isso não quer dizer que não seja uma democracia. +


Todo mundo sabe o que é uma democracia no sentido burguês, é votar e eleger representantes, mas vai explicar democracia no sentido revolucionário, é bem difícil, pois já estamos viciados na conceituação burguesa de democracia +


A tentativa desse pensamento despolitizante é nos fazer acreditar que podem existir projetos, pensamentos e conceitos que a direita e a esquerda, em conjunto, podem defender; pois tratam-se de assuntos que superam a ideologia e que são comuns a todos os seres humanos. +


É como se existissem valores universais dos quais td a humanidade tem o dever de defender; a democracia é um conceito que tenta se passar por isso. E esse é o perigo que a esquerda liberal não enxerga em se aliar com a direita liberal em “prol” da democracia contra o Bolsonaro +


Não, nós e a direita não defendemos um mesmo bem em comum que é a democracia. Pois a ideia de democracia para eles é muito diferente da nossa, e a universalização do conceito atrapalha do entendimento de que os projetos políticos são diversos e impedem uma aliança +


Então, através da falsa defesa da democracia, que na verdade é a defesa do modelo estado-unidense de sociedade, Hannah Arendt deslegitima todas as experiências revolucionárias que não sejam a revolução norte-americana, e difama sem dó a URSS e o comunismo. +


3. HANNAH ARENDT, CONSERVADORA E RACISTA:

É fato que a esquerda liberal n se importa com o anticomunismo e, inclusive, gosta dessa narrativa. Mas, talvez essa mesma esquerda que zela tanto pelos movimentos sociais e pelo identitarismo, não saiba que Hannah Arendt era racista +


Que Arendt não se encaixa no comunismo todos sabem, mas ela também não se encaixa no progressismo como muitos pensam. Além de racista, Arendt tem posicionamentos tipicamente conservadores, contrários a qualquer movimento social. +


E quando perguntada a qual espectro político ela pertencia ela disse que não era nem de esquerda e nem de direita, que isso pouco importava para as questões importantes. Novamente contribuindo para o discurso despolitizante de que existe um algo em comum a ser defendido. +


Em 1957 numa escola do Sul dos Estados Unidos aconteceu um fato histórico, uma menina negra foi expulsa a base de humilhações de uma escola que estava tentando promover a dessegregação racial. Essa escola se chamava Little Rock. +


Arendt escreveu um artigo sobre esse episódio que demonstra o seu pensamento conservador e racista. Ela acredita veementemente que as liberdades individuais como a liberdade de expressão são mais importantes que o direito coletivo. E isso é um pensamento tipicamente liberal +


Veja bem, quantas vezes não vemos liberais argumentando que deve-se garantir a liberdade de expressão das pessoas serem racistas? Aqui é exatamente isso que Arendt está dizendo. Além de naturalizar as desigualdades e dizer que elas nunca podem ser solucionadas. +


Nessa argumentação, Arendt apresenta um posicionamento tipicamente conservador de que as escolas “doutrinam” as crianças e fazem essas se virarem contra os costumes ensinados nas famílias +


E aqui, ela utiliza do seu anticientificismo novamente para afirmar que quanto mais iguais as pessoas se tornam, mais evidentes se tornam as diferenças entre elas. Baseado em que ela diz isso? Como ela pode afirmar que em toda a história tem sido assim?


Sim, aqui ela ignora toda a materialidade do racismo, e acredita que o racismo é “meramente uma descriminação” e que então o anseio dos pretos de não querer se associar a brancos se iguala ao anseio de brancos de não querer se associar aos pretos +


Isso é ignorar que o racismo é uma estrutura social, e não um mero preconceito. A exclusão histórica de pretos e a segregação racial não se iguala de nenhuma forma a livre associação de pretos em grupos específicos.+


Aliás, mais um ponto extremamente conservador de Arendt é o fato dela se opor a todo e qualquer coletivo, pois ela acha que o indivíduo é soberano, e que qualquer coletivo tenta hegemonizar o indivíduo e tornar todos eles iguais. +


O resultado desse pensamento? A deslegitimação do movimento feminista e negro. Em especial, uma crítica extremamente racista, como as duras críticas aos Panteras Negras, os ilustrando como “violentos”.


Ainda nesse texto, Arendt pontua que quanto mais os negros lutavam pela dessegregação, mais racismo e contradição acontecia e, portanto, as mudanças deviam acontecer de forma orgânica, e não “forçada”. +


Acreditar que a mudança da sociedade deve acontecer de forma lenta, respeitando a opinião daqueles que são contrários às mudanças, é um pensamento tipicamente conservador e antirrevolicionário, que busca conservar a sociedade do modo que ela está +


4. MAS SE ELA É TUDO ISSO, PORQUE PARTE DA ESQUERDA GOSTA DELA?

Primeiro, por um acerto de contas meio idiota com um suposto “stalinismo”, isso faz com que parte da esquerda abraça qualquer um que critique Stalin


Similar ao que acontece aqui no Brasil, que parte da esquerda abraça qualquer um que critique Bolsonaro, mesmo que seja um liberal oportunista. Essa demonização da figura de Stalin, fez Hannah se tornar popular, pois ela o critica duramente +


O que os anarquistas e trotskystas que gostam de Arendt não conseguem enxergar, é que ela não é uma pessoa de esquerda que critica apenas Stalin, ela é anticomunista e critica qualquer coisa que fuja da democracia burguesa tipicamente estado-unidense.


A centralidade da crítica em Stalin acontece porque justamente ele era um líder visado e importante da nação que batia de frente com os EUA, mas, se Trotsky tivesse sido o secretário geral, ele também teria sido comparado a Hitler +


Tanto é que, Hannah Arendt constrói a imagem de Bakunin como um “autoritário em potencial”, q só n se tornou autoritário, pq n viveu uma revolução. Isso msm, ela chama Bakunin de autoritário, o que prova que a crítica dela não é ao stalinismo, mas a perspectiva revolucionária. +


Hannah Arendt é contrária a qualquer ação coletiva, pois ela acha que o coletivo reprime o individual, e que as liberdades individuais são a essência de qualquer democracia. Hannah Arendt não é a “fada sensata” contra o autoritarismo stalinista +


Ela é a conservadora racista contrária a qualquer perspectiva revolucionária, seja anarquista ou comunista, e contrária também ao pensamento progressista. O que acontece é que desde o fim da ditadura militar, a esquerda no Brasil +


ficou tão traumatizada que qualquer pessoa que faça uma defesa rasa e generalizadora da democracia, é abraçada por nós. Isso porque a direita ficou gravada por nós como aquela que defende a ditadura e que, portanto, consequentemente ser de esquerda é defender a democracia. +


É por esse erro de análise política, que Arendt é interpretada por muitos como de esquerda. Mas a verdade é que ela não seria nem progressista, pois era contrária aos movimentos identitários que são um pilar da esquerda progressista atual.


Fim do fio e, por incrível que pareça, isso foi apenas um resumo. Eu escrevi um texto para o LavraPalavra bem mais completo e complexo falando sobre as problemáticas da Hannah Arendt. Vou deixar o link aqui:

https://lavrapalavra.com/2020/01/14/por-que-parte-da-esquerda-abraca-a-conservadora-hannah-arendt/


E esse aqui é o texto dela em que ela é racista para caralho e escreve trechos absurdos como esses aqui e outros:

https://www.academia.edu/4934424/Arendt_Hannah_-_Reflex%C3%B5es_sobre_little_rock


É sempre bom lembrar que a melhor forma de refutar a Arendt do “Origens do Totalitarismo” é utilizar a própria Arendt do julgamento de Eichmann. Em um ela coloca o nazismo como aberração totalitaria, no outro ela compreende a materialidade dos fenômenos. Um poço de contradição


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