Saiu o primeiro estudo que vi projetando como/quando podemos sair do problema da COVID-19. Lerei com mais calma e comentarei, mas as conclusões já são tensas (segue fio): projetam distanciamento e quarentena prolongada ou alternada até 2022.


Modelaram como desenvolvemos imunidade contra o Sars-CoV-2 e outros coronavírus. E na falta de outras intervenções, ele pode continuar sendo um problema até 2024(!). O que aceleraria o processo de forma não catastrófica seriam novos tratamentos e aumentar a capacidade de leitos.


Usando os dados de contágio atuais, projetam que o vírus pode circular a qualquer momento, em qualquer estação do ano. Calor poderia até atrapalhar a transmissão, mas não o suficiente para ajudar. Vide Manaus quente e úmida, mas entrando em colapso de saúde.


Com imunidade permanente, se ninguém pega o vírus mais de uma vez, ele desapareceria em 5 anos. Sem imunidade permanente, não se tem perspectiva de quando ele some. Ainda não sabemos qual o caso e o próprio estudo recomenda testes de imunidade das pessoas para saber melhor.


Em um cenário de imunidade protetora, projetam que quarentena em países de 1º mundo com boa capacidade de leitos precisaria durar até o meio de 2021 e relaxar gradualmente até o meio de 2022. Acelerar isso depende diretamente de aumentar a capacidade de hospitais.


Também reforçam a necessidade de distanciamento desde agora e produção de EPIs e testes para ajudar com isso. A dinâmica de espalhamento este ano dita como os países passarão pelo ano que vem com mais ou menos problemas. As projeções são feitas com base em países temperados.


Segue o estudo:

science.sciencemag.org/content/early/…


Acrescentando mais detalhes, o estudo debate qual caminho de outros coronavírus humanos a COVID-19 pode seguir. Se o de imunidade protetora (como a SARS) ou o de imunidade parcial por um ano, como os coronavírus que causam gripe. O espalhamento já é mais compatível com o 2o caso.


Pelo perfil de sintomas e espalhamento até aqui, colocam os coronavírus humanos como mais informativos, pq já circulam todo ano causando gripe. Aí partem pra usar o que se sabe sobre eles (e é bastante) pra estimar como a COVID-19 poderia circular *sem vacina ou tratamento*


Algumas lições dessa extrapolação: COVID-19 pode circular em qualquer estação. Sem muita gente imune, o pico de inverno ou outono pode até ser maior, mas o vírus não some o resto do ano. Se a imunidade não for permanente, ele continua indefinidamente.


Se a imunidade só durar um ano, como pros coronavírus humanos que causam gripe, todo ano volta forte. Se durar dois anos, a cada dois anos volta forte. Sem imunidade permanente, não tem muita saída.


Mas mesmo se a imunidade for permanente, pela necessidade de não deixar o sistema de saúde colapsar com todo mundo doente, precisaremos de 5 anos, até 2025, pra ter a "imunidade de rebanho" que protege todo mundo. Isso contando com sistemas de saúde de primeiro mundo.


O que resolveria esse problema seria uma vacina. Na falta dela, tratamentos e aumentar o número de leitos pode acelerar a saída. E teríamos que alternar distanciamento mais forte com abertura econômica, aperta mais no inverno, pode abrir mais no verão.


Nesse cenário sem vacina e tratamento, mas com leitos expandidos, o distanciamento intermitente teria que ser mantido até o meio de 2022 a depender do quanto estações fazem diferença. Testes seriam fundamentais pra não precisar exagerar no distanciamento.


O estudo se aplica à países temperados, pros quais eles têm dados pra fazer a simulação. Não informa muito sobre a circulação no Brasil, mas se recebemos pessoas infectadas do mundo todo, estamos sujeitos a isso como todos.


Tudo pode ser melhor com vacinas e tratamento, mas não é um problema besta que passa em alguns meses. Pra ser algo mais simples, vamos precisar de muito distaciamento agora e muita ciência.


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