Pela primeira vez, desde a criação deste perfil, em 2009, uma postagem teve mais de 100 mil curtidas. Fico feliz que seja em razão de uma boa notícia. Acompanho as pesquisas sobre HIV há mais de 10 anos. Diante do interesse, trago mais detalhes sobre este caso. Segue a thread:


A mulher que entrou em remissão contra o HIV tinha leucemia e faz parte de um grupo de 25 pessoas com o vírus que receberam transplantes de células-tronco e estão sendo acompanhadas. O estudo foi liderado pela doutora Yvonne Bryson, da UCLA


"Hoje, relatamos o terceiro caso conhecido de remissão do HIV e a primeira mulher após um transplante de células-tronco e usando células resistentes ao HIV", disse Bryson em entrevista coletiva. O doador tinha mutação na proteína CCR5, que impede a entrada do HIV nas células.


A mutação no gene CCR5 já era conhecida. Ela é natural, mas rara. Cerca de 1% da humanidade tem, principalmente na Europa, ou descendentes de europeus. Nos EUA, não existe triagem para identificar esses mutantes. Esse tratamento poderia ser replicado em outros pacientes, mas:


Não poderia ser aplicado a todos os 38 milhões de pessoas infectadas com HIV no mundo. É um caminho para um tratamento mais amplo, mas no momento, não beneficiaria mais de 50 pessoas por ano, de acordo com a equipe de pesquisa. Atualmente existem em teste vacinas e:


... diversos medicamentos contra o HIV. Mês passado, a Food and Drug Administration aprovou um remédio injetável de longa duração para prevenir o HIV. No Brasil, existe a Prep e PEP contra o vírus, para prevenir a infecção. Quem toma esses remédios, não se contamina.


O preservativo ainda é altamente eficaz para prevenir a infecção pelo HIV. Caso ocorra algum incidente na hora da relação, existe a profilaxia pós-exposição, que pode ser tomada até 72 horas após o ato. Pessoas vivendo com HIV que estão indetectáveis, não transmitem o vírus.


Para ficar indetectável, é necessário fazer o tratamento diário, que agora consiste em apenas um remédio por dia, no Brasil. Indetectáveis não transmitem mesmo que se relacionem sem preservativo. Mas esta prática não é recomendada para ninguém, pois existem outras doenças.


O tratamento que curou a mulher norte-americana é menos invasivo, usa células-tronco de cordão umbilical, mais fácil de encontrar. Atualmente, a Pfizer testa uma vacina de RNA mensageiro contra o HIV. Os resultados iniciais devem vir dentro de alguns meses.


É importante destacar que o HIV é de difícil transmissão, apenas por fluídos contaminados. Abraço, beijo, carinho, objetos, dormir junto, não transmite o vírus. Enquanto a cura não vem, o melhor tratamento é a solidariedade. O preconceito só se justifica na mente má de quem tem.


No Brasil, todo o tratamento contra o HIV é oferecido gratuitamente pelo SUS para quase 1 milhão de pessoas. A Prep e PEP, para prevenir o vírus, pode ser tomada por qualquer pessoa, e é indicada para quem tem vida sexual ativa com mais de um parceiro (a). Também é gratuito.


A descoberta nos EUA, com a terceira pessoas com remissão total do vírus, não pode ser replicada, a princípio, em larga escala. Mas ressalta que é possível vencer o vírus, e destaca a importância de investir em pesquisas contra o HIV.


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