Uma primeira análise rápida ao R&C que o Benfica anunciou: - o aumento do Passivo (o dinheiro que o clube deve) já era expectável depois de termos aumentado o empréstimo obrigacionista (EO) deste ano.


- o aumento do EO pode não ser mau. Se o Benfica tiver previsto o aumento das taxas de juro, optou por fazer o equivalente a dois EOs no mesmo ano e financiar-se a uma taxa de juro mais baixa (não sei se foi isso que fizeram ou não, mas é para esse tipo decisões que são pagos)


- os 35 milhões de prejuízo devem-se fundamentalmente a três coisas: subida de 15M nos gastos com pessoal (para uns rídiculos 112 milhões), subida de 21M em FSE (que em 20-21 foram mais baixos porque os Estádios estiveram fechados), amortizações de passes de atletas de 50 milhões


- uma temporada com quartos de final da Champions é próximo do melhor que realisticamente o Benfica pode conseguir financeiramente com alguma regularidade. Se mesmo assim, o resultado operacional é de 23 milhões negativos, há várias coisas que temos que pensar.


- Este ano (21-22) até foi o ano de sempre do clube a nível de rendimentos operacionais. Enquanto os resultados operacionais do Benfica forem negativos, o clube vai estar sempre obrigado a vender jogadores. É obrigatório corrigir esta situação para não estar obrigador a vender.


- a primeira coisa objectiva a fazer é mexer na massa salarial. o Benfica não tem receitas para pagar esta massa salarial. neste momento estamos a gastar confortavelmente mais 20-30M do que era suposto. Segundo o Jogo, reduzimos já 15M. Teremos que confirmar com o R&C de março.


- a segunda coisa objectiva a fazer é minimizar os gajos em fornecimentos e serviços externos aqui houve uma subida total de 21M. Só 8M foi na gestão do estádio, aumentou-se também o dinheiro injectado nas modalidades (de 4 para 6M), a BTV também ficou 2.5M mais cara.


- os gastos de FSE devem ser comparados com os gastos que os outros grandes também tiveram para perceber se o Benfica está ou não a exagerar no que gasta aqui. - a nível de gastos operacionais, o Benfica gasta basicamente 2/3 em salários e 1/3 em FSE


- a terceira coisa, já meio que está corrigida. Devido às duas épocas onde se gastou 100 milhões em reforços, o Benfica ia ter 40M em amortizações de passes de atletas durante 4 anos (20 por cada ano, sendo que um ano amortizou antes, logo estavam desencontrados).


- como o Benfica entretanto já se desfez de todos os jogadores desses investimentos, as amortizações vão diminuir no próximo ano significativamente. Os únicos jogadores caros, além dos que foram contratados este ano, que ainda temos nos quadros são Otamendi e Weigl.


- este ano gastámos 64 milhões, o que dá, mais coisa menos coisa, 11 milhões de amortização por ano. Juntando o valor do Weigl e do Otamendi, fica relativamente longe ao que tínhamos antes. É expectável que esta rúbrica diminua com alguma significância.


- sem amortizações, o Benfica teria tido um lucro de cerca de 19 milhões. E como as amortizações não são um custo real, podemos até classificar este ano, como um ano razoável, do ponto de vista financeiro.


Outras notas relevantes: - o Benfica tem 10% de uma futura transferência do Yaremchuk se ele for vendido por mais de 10 milhões - o custo total do Neres foi 17.1M, de Bah 8.7M, do Musa 6.5M, do João Mário 5.5M


- o Darwin gerou uma mais-valia de 40.5M (que pode subir para 65.5M caso cumpra os objectivos dos valores variáveis) - o Everton gerou um prejuízo de 2M (que podem ser recuperados nos valores variáveis dependentes de objectivos)


- o Jota gerou um ganho de 6 milhões por 70% do passe - o Gedson gerou uma mais valia de 5.3M por 50% do passe - o Pedro Pereira gerou uma mais valia de 1.6M


Umas notas relativas ao futuro: - devido ao aparente desequlíbrio entre receitas e gastos operacionais, o Benfica no próximo verão estará obrigado a vender para ter um resultado positivo. A boa notícia é que no próximo ano as amortizações já não devem andar nos 50M


há um desencontro de 50M, negativos, entre o passivo corrente e o activo corrente. Desse 50M, cerca de 20M são resultado da antecipação de receitas da NOS, o que significa que não são um custo real. Os outros 30M podem ser corrigidos ou com uma venda ou com novo EO ou uma venda.


- para o Fair-play financeiro da UEFA contam os resultados liquidos dos últimos três anos. Logo, depois de 2 anos seguidos de resultados liquidos negativos, o Benfica estará obrigado a ter um resultado liquido de ~50 milhões


- pondo estes três pontos todos juntos, parece que o Benfica se estará a preparar no verão de 2023 para fazer 2-3 vendas avultadas, que depois poderá reinvestir noutros jogadores e também (provavelmente) em reduzir o Passivo, cortando um dos EOs sem fazer reembolso.


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